Para realizarmos a implementação de projetos de iluminação integrativa devemos primeiramente fazer a análise de diversos aspectos.
Um deles se diz respeito ao orçamento do cliente e é a pergunta que mais se antecede junto ao cliente ante qualquer outro tipo de discussão. É o ponta pé inicial.
O custo de implantação de um projeto de iluminação integrativa ainda é superior a um projeto luminotécnico convencional devido ao alto custo dos equipamentos e controladores que, nos dias de hoje, são mais caros.
Infelizmente os benefícios na sua saúde e bem-estar ainda não podem ser mensuráveis no momento da instalação.
Os benefícios do corpo e o investimento (retorno) só são perceptíveis após alguns meses de adaptação ao novo ambiente luminoso.
Além disso, para a iluminação integrativa ser eficaz é fundamental a articulação entre luminotécnicos, arquitetos de interiores, arquitetos e especialistas em controladores de iluminação, exigindo assim, um processo mais complexo e custoso.
O que podemos destacar são os ganhos em conforto e qualidade do ambiente luminoso comprovadamente capazes de impactar em diferentes níveis de fisiologia e os aspectos emocionais dos usuários.
Luz e os efeitos da passagem do tempo
A iluminação integrativa é um campo de estudos relativamente novo dentro da biologia e dos estudos voltados ao ser humano.
Já há muito tempo se estuda as possibilidades da luz no corpo humano e suas implicações ao longo do tempo, porém faz pouco mais de 20 anos que se identificou que para além de receber luz e transformá-las em imagens, os olhos foram percebidos como um centro de comando do corpo e o principal comunicador junto ao cérebro.
Essa descoberta foi um momento central para abertura do campo da iluminação integrativa, que reúne várias outras linhas de estudo como fontes de luz circadianas, iluminação voltada para o ser humano, sistemas de luz ajustáveis, dinâmicos ou biodinâmicos.
A luz influencia as diversas fases da vida
Desde a fundação desse campo de estudos, várias e várias descobertas foram sendo feitas e muitas delas dizem respeito ao quanto a luz influencia as diversas fases da vida.
Muitas perguntas foram feitas e algumas delas respondidas, abrindo ainda mais espaço para atuação de profissionais responsáveis pelas aplicações práticas das descobertas teóricas, sejam eles arquitetos, designers de interiores ou engenheiros.
Seria possível a esses profissionais integrarem os conhecimentos da iluminação integrativa para mitigar os efeitos da passagem do tempo no corpo?
No Brasil, os processos ainda estão no começo, mas já se identificam grandes possibilidades de avanço.
É importante notar que para que os avanços da iluminação integrativa aconteçam, muitos estudiosos se dedicam às suas pesquisas intensamente e um nome bastante renomado na área é o de Ruy Soares, cujo os textos se tornaram parte essencial da bibliografia de que trabalha com iluminação integrativa.
De acordo com suas afirmações, existem vários caminhos possíveis para o avanço e utilização das descobertas da iluminação integrativa.
Elas passam pela análise de um conjunto de dados, mas alguns dos principais apontam para utilização de iluminação para as partes superior e inferior da retina em momentos diferentes do dia, bem como intensidades variáveis.
Ao longo dos anos, a visão se deteriora e vai se tornando mais difícil ao indivíduo perceber as coisas com a mesma eficiência.
Por exemplo, um ser humano de 90 anos precisa do dobro de intensidade de luz para perceber com a mesma eficiência que um ser humano de 32.
Fatores emocionais também podem auxiliar nesse processo e quanto mais idosa a pessoa que está sendo analisada (ou que terá os sistemas de iluminação integrativa instalados para si) mais importante será garantir que suas preferências biodinâmicas sejam respeitadas, cores e formas que garantam um equilíbrio emocional.
Por fim, é importante reforçar o quanto as descobertas na área de iluminação integrativa podem fazer bem em todo o ciclo da vida, gerando bem estar e melhoria das funções oculares.
Além disso, a área está em constante evolução e seus 20 anos de desenvolvimento são apenas o início de uma longa contribuição a dar à espécie humana.
Iluminação centrada no ser humano e o mercado global de iluminação
3 fatores nos permitem afirmar que projetos de iluminação centrada no ser humano (circadiana) tendem a crescer globalmente:
- O fim do ceticismo: Evidências científicas que comprovam que a cronodisrupção (desconexão do relógio circadiano interno com adaptação às condições do meio ambiente) pode aumentar o risco no desenvolvimento de doenças tais como a diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, doenças metabólicas e questões de saúde.
- Aumento do Jet lag social: É a chamada dessincronização circadiana gerada pela rotina das cidades contemporâneas caracterizada por longos períodos de permanência diurna em ambientes com baixa iluminância e, à noite, exposição a elevadas quantidades de luz até altas horas da madrugada. Ou seja, a alteração padrão de exposição ao ciclo clara / escuro do ser humano.
- Necessidade de prevenir o efeito dominó: Aumento da consciência sobre os riscos à saúde relacionados à iluminação e especificamente ao LED no período noturno. Assim, a implementação de sistemas de iluminação centrados no ser humano é uma possibilidade para conter um efeito dominó que resulte em baixa produtividade, maior necessidade de serviços médicos e maior número de desligamentos e ausências em empresas.
Tendências Globais do mercado de iluminação centrada no ser humano
Algumas tendências globais são apontadas como responsáveis pelo crescimento desse novo modelo, como:
- Crescente popularidade de ovas tecnologias de iluminação e atividades relacionadas à substituição de sistemas de iluminação convencionais, hoje entendidos como prejudiciais em ambientes de uso prolongado.
- Conscientização dos consumidores e empresas sobre a viabilidade da instalação de sistemas LED para proporcionar ambientes mais eficientes e mais dinâmicos, dando suporte ao ritmo circadiano humano e mantendo os ciclos similares à natureza.
- Surgimento de controladores de iluminação e fontes em LEDs com tecnologias mais avançadas, fazendo que a iluminação possa ser controlada e alterada de acordo com as exigências de uso arquitetônico.
- As atividades comerciais e de transformação de infraestrutura de saúde em alguns países na América do Norte e Ásia.
O crescimento de projetos de construção inteligente – Smart Buildings na América do Norte e Europa.
- O aumento da demanda por iluminação inteligente – eficiente energeticamente em todo mundo.
- A implementação crescente de soluções de iluminação LED
- O crescimento de implementação de smart cities em países da Ásia.
- Aumento do foco na implementação de tecnologias avançadas de iluminação em ambientes comercial e industrial.
Metas globais para desenvolvimento sustentável no mundo
A ONU estimulou a revisão de muitas das legislações referentes ao uso de energia e de aspectos de valorização da saúde nos ambientes arquitetônicos. Ela norteará os países nas diversas metas de crescimento.
O tipo de instalação do projeto integrativo também influencia no seu custo e há diferentes potenciais de mercado tanto para novas instalações quanto para retrofits, que são mais caros em relação à implementação de sistemas novos, pois exigem mais mão de obra e equipamentos para substituição dos sistemas.
As avaliações da legislação existente e da nova legislação devem considerar o impacto de uma regulamentação sobre o custo da assistência social e o seu impacto energético secundário sobre um país.
Medidas de eficiência que, em um nível micro, reduzam o uso da energia, mas resultem em menor produtividade, em nível macro, moverão o uso da energia e recursos para ambientes de saúde e/ou domésticos.
Conclusão sobre Iluminação Integrativa
Em um determinado momento a queda dos preços dos equipamentos baseados em LEDs tenderão a reduzir os custos desse tipo de projeto.
A implementação de tecnologia wireless para iluminação não só reduzirá os problemas de instalação e compatibilidade, mas também influenciará nos custos.
As tecnologias LED também necessitam equilibrar a busca pela eficiência energética com a otimização do espectro em relação aos aspectos não visuais da iluminação.
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Fontes – referências: escritório: We Light / Lighting Designer: Ruy Soares, issuu.com, Lume arquitetura, Professora Dra. Betina Tschiedel Martau, Markets and Markets, artigo Lumearquitetura.com.br
